ão Paulo é uma terra simplesmente fantástica, pois quando cheguei de Pernambuco em 1973, esta cidade era maravilhosa, o trabalho era farto.
Eu tinha quatro filhos e estava grávida do quinto, como trabalhar?
O meu marido trabalhava em um posto de gasolina, era frentista, o salario era pouco e eu para não ver meus filhos passarem por necessidades resolvi trabalhar em casa, fazendo costuras, pequenos macacões para uma Fábrica.
Quando meu marido chegava à noite em casa , ele e as crianças estavam cansados e iam dormir, e eu ficava na máquina de costura, quando ele levantava para ir trabalhar, eu tinha passado a noite inteira costurando e era o horário que eu ia descansar até que as crianças acordavam.
Com este dinheiro nós pagávamos o aluguel, e as contas, não sobrava quase nada para as despesas.
Certo dia meu marido saiu cedo para trabalhar, e não deixou nada de dinheiro para mim, o gás acabou e as crianças pediram comida, e eu não sabia o que fazer e começei a chorar, as crianças vendo eu chorar, começaram a chorar também, eu pensei somente Deus nosso Pai para me socorrer hoje.
Enquanto eu pensava, bateram palmas no portão, fui ver quem era, era o moço para quem eu trabalhava, e ele me falou, está tudo bem dona Carmem? O que está acontecendo? Porque a senhora está chorando?
Demorei um pouco para responder, mas em seguida o meu filho mais velho falou chorando, sabe moço, minha mãe está chorando porque não temos fogo para fazer nossa comida. Aquele rapaz com os olhos vermelhos falou, vamos dona Carmem até o Empório buscar o gás.
Eu não podia ir, mas o meu filho de sete anos foi com ele, trouxeram gáz, leite, açúcar, carne e até Danone ele comprou para as crianças. Quando meu marido chegou todo preocupado porque ele não havia deixado dinheiro para mim, viu a comida feita, comeu e depois perguntou como e onde eu consegui comprar a despesa.
Eu dei uma risada, e disse que um filho de Deus havia passado por aqui, depois disso nunca mais nossos filhos passaram por dificuldades. Só parei de trabalhar com este rapaz, quando ele foi morar no Exterior.
Mas enquanto eu viver, jamais esquecerei dele, e da história que ocorreu conosco. Hoje nossos filhos estão todos casados, e moram também aqui em São Paulo.
Hoje eu frequento o CEU Campo Limpo, faço várias atividades, freqüento o Telecentro, me sinto muito bem, sou muito bem tratada por todos sendo feliz por viver nesta cidade.
Espero que, após as Eleições, nossos Governantes façam com que este projeto da Terceira Idade seja repassado para todas pessoas interessadas.
Termino com um forte abraço à todos que vivem aqui em São Paulo, independente de raça ou cor, e que Deus possa agir no coração de vocês, para que sejam humildes e solidários para com o próximo.